Foto: Arquivo/Guilherme Cunha/Alerj
A prisão de Cristiano Girão, ex-vereador, ex-bombeiro e ex-chefe da milícia de Gardênia Azul, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira (30), pela Polícia Civil do Rio, pode acelerar a elucidação completa do Caso Marielle.
Estão sendo feitas buscas e apreensões em 14 locais, no Rio e São Paulo, pelos agentes da Delegacia de Homicídio da Capital (DHC), que devem trazer mais provas de que a ordem para matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), tenha partido de Girão. Por enquanto, o vínculo mais forte é de que o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, réu no duplo homicídio, teria sido o responsável pela execução do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio, e sua companheira, Juliana Sales de Oliveira, de 27 anos, crimes ocorridos em 14 de junho de 2014. Girão é apontado como o contratante de Lessa para o crime.
A Força-Tarefa do Caso Marielle e Anderson (FTMA) do Ministério Público do Rio (MPRJ) e a DHC pediram à Justiça a prisão de Girão e de Lessa pela morte de Zóio, no início do mês. Na época em que os pedidos foram feitos, estavam à frente do caso Marielle as promotoras Simone Sibílio e Letícia Emile, e o delegado Moysés Santana, exonerado do cargo. As promotoras entregaram os cargos alegando “interferências externas” no caso. As investigações apontam que a razão de o ex-vereador mandar matar Zóio foi uma disputa pelo controle da Gardênia. A prisão de Girão foi feita pelo atual titular da DHC, Henrique Damasceno. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz do 3º Tribunal do Júri, Alexandre Abrahão.
A operação é vista na polícia como um passo decisivo na elucidação do caso Marielle. Os investigadores acreditam que as buscas em celulares e computadores de Girão e de cúmplices, alvos da operação, possam trazer as evidências que faltam para fechar o caso. A vereadora e seu motorista Anderson Gomes foram executados numa emboscada em março de 2018. A prisão desta sexta-feira junta, num mesmo episódio, Girão, um dos personagens denunciados pela CPI das Milícias, conduzida em 2008 pelo então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), e Lessa, um dos acusados pela execução de Marielle. A parlamentar era ex-assessora e afilhada política de Freixo. Era ela quem ouvia as famílias, vítimas da ação de milicianos, à época da CPI.
O pedido de prisão de Girão foi feito ao juiz do 3º Tribunal do Júri, Alexandre Abrahão, antes de as promotoras da FTMA Simone Sibílio e Letícia Emile pedirem para sair do caso, e da exoneração do titular da DH Moysés Santana. As investigações já estavam concluídas desde a semana passada. Segundo fontes, as promotoras deixaram os cargos alegando “interferências externas” da Polícia Civil no MPRJ. Já Santana foi substituído pelo delegado Henrique Damasceno.
Em setembro do ano passado, Girão e Gargalhone foram alvos da operação Déjà vu, que apreendeu documentos da casa de ambos. As provas, somadas ao depoimento da testemunha, foram suficientes para convencer o juiz da 4ª Vara Criminal do Rio, Gustavo Kalil, a expedir os mandados de prisão dos dois e do sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa. Dos três, apenas Girão se encontrava solto.
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