Aplicativo do Ministério da Saúde recomenda que médicos receitem hidroxicloroquina para pacientes com sinais de COVID-19
O Ministério da Saúde anunciou na semana passada o aplicativo TrateCov para ajudar médicos a diagnosticar pacientes com sinais de COVID-19, sugerindo a prescrição de medicamentos com base em “rigorosos critérios clínicos”. No entanto, uma versão de testes que se tornou pública só incluía remédios sem comprovação científica contra o novo coronavírus, tal como a hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.
O formulário do TrateCov que estava disponível ao público foi retirado do ar, mas ainda está disponível através do Internet Archive. Antes de ser removida, a página foi atualizada com o seguinte aviso: “esta versão do TrateCov é um ambiente de simulação que ficará disponível até que sejam realizados e validados os cadastros para registro dos profissionais de saúde na referida plataforma”.
O TrateCov pede alguns dados sobre o paciente para sugerir um tratamento. Você precisa inserir a data de nascimento, peso, altura, comorbidades (como hipertensão, diabetes e asma) e sintomas (como febre, dor de cabeça ou náusea).
Além disso, é necessário informar quantas vezes a pessoa frequentou determinados lugares nas duas últimas semanas, incluindo trabalho, transporte público, supermercado, bar, praia ou festa.
O Ministério da Saúde está testando o TrateCov em Manaus, instalando tendas ao lado dos postos de saúde para capacitar médicos a utilizar essa ferramenta ao atenderem pacientes que chegam com sintomas de COVID-19. A ideia é expandir o app para todas as unidades de saúde da capital do Amazonas; e depois, para todo o país.
Nesta terça-feira (19), a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Associação Médica Brasileira (ABM) emitiram uma nota conjunta, lembrando que “as principais sociedades médicas e organismos internacionais de saúde pública não recomendam o tratamento preventivo ou precoce com medicamentos, incluindo a Anvisa”.
Segundo as duas entidades, “as melhores evidências científicas demonstram que nenhuma medicação tem eficácia na prevenção ou no ‘tratamento precoce’ para a COVID-19 até o presente momento”. Elas também criticam “negacionistas que são contra as vacinas e contra as medidas preventivas cientificamente comprovadas”, como o isolamento social e uso de máscara.
Na semana passada, o Twitter ocultou um post do presidente Jair Bolsonaro por promover antimaláricos como tratamento precoce contra a doença. Segundo a rede social, a mensagem violou regras “sobre a publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19”. O Brasil representa 10% das mortes no mundo causadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).
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